Serra amplia estratégias de combate a sífilis congênita e reduz casos em 25%

Serra amplia estratégias de combate a sífilis congênita e reduz casos em 25%

Os casos de sífilis, considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e que pode ser transmitida de mãe para filho durante a gestação, estão em queda na Serra e no Espírito Santo.

De acordo com a Secretaria de Saúde da Serra, o número de casos de sífilis congênita – transmitida da mãe infectada para o bebê durante a gestação – apresentou uma redução significativa. Até outubro de 2024, foram registrados 92 casos de sífilis congênita na Serra, representando uma queda de 25% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram notificados 123 casos.

No Espírito Santo, até o final de julho de 2024, foram registrados 451 casos de sífilis congênita, 1.715 casos de sífilis em gestantes e 4.201 casos de sífilis adquirida. Em 2023, os números eram mais elevados: 808 casos de sífilis congênita, 2.618 casos de sífilis em gestantes e 8.129 casos de sífilis adquirida.

A Secretaria de Saúde da Serra (Sesa) informou que, ao longo de 2024, foram adotadas diversas estratégias para esclarecer a população e incentivar o diagnóstico precoce. Entre as ações, destacam-se campanhas de testagem rápida para sífilis em pontos de grande circulação de pessoas, além de mutirões como o Serra + Saúde e o Serra + Cidadã. A Secretaria de Saúde da Serra também intensificou a atualização dos cadastros de gestantes em regiões mais populosas, como Nova Almeida e Jacaraípe.

De acordo com a apuração feita pelo jornal Tempo Novo junto à Sesa, a oferta de exames foi ampliada com o objetivo de diagnosticar precocemente os casos e prestar assistência a pacientes assintomáticos, antes que a infecção se desenvolva. Os profissionais de saúde também se comprometeram a notificar corretamente todos os casos diagnosticados.

A Secretaria de Saúde da Serra informa que para o diagnóstico e tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como é o caso da sífilis, o morador deve procurar a sua unidade de saúde de referência. Lá, o munícipe consegue preservativos para prevenção das IST, realiza o teste rápido de sífilis para diagnóstico precoce e, caso necessário, faz todo o tratamento da doença, que é bom destacar, possui cura.

Todas as 40 unidades de saúde da Serra entregam preservativos e realizam os testes rápidos de sífilis, HIV e hepatites B e C, sem necessidade de agendamento prévio. O tratamento também é ofertado em todas as 40 unidades de saúde do município, é realizado por médico e enfermeiro e é à base de antibiótico.

Durante todo o ano, as equipes das unidades de saúde realizam ações de prevenção à sífilis em parcerias com Associações de Bairro e Igrejas, principalmente, com o intuito de alertar as gestantes da necessidade de prevenção e diagnóstico precoce da doença.

Também são entregues preservativos e realizados testes rápidos, além de orientação à população, nos grandes mutirões de serviço como o Serra + Cidadã e o Serra + Saúde, realizados ao longo do pela Prefeitura da Serra. São realizadas ainda ações para capacitação dos servidores públicos como oficina temática e o Fórum Municipal de Sífilis Adquirida, que é anual.

CTA/SAE
O Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Assistência Especializado (CTA/SAE) também realiza a entrega de preservativos e testes rápidos de sífilis, HIV, hepatite B e C. O serviço funciona das 7 às 19 horas, e atende por agendamento nos telefones (27) 3338-6757 e (27) 98166-1141. Está localizado na rua Braulina Baptista Lopes, 222, em Rosário de Fátima, Serra.

E para os munícipes com diagnóstico de HIV e Hepatites B e C (só para estas ISTs), o CTA realiza orientações e aconselhamento individual com equipe multiprofissional, além de acompanhamento médico e laboratorial. O local possui farmácia especializada para estes agravos e a equipe do CTA/SAE oferta ainda ao longo do ano capacitações e palestras com o intuito de qualificar ainda mais os servidores da rede municipal de saúde, além de ações de testagem em locais de grande circulação de pessoas.

“A prevenção e o diagnóstico precoce da sífilis requerem planejamento. Há mais de um ano, o tema é tratado na Sala de Situação de Saúde do município, onde uma equipe técnica analisa os dados dessa IST sistematicamente, visando organizar os serviços, controlar a doença e evitar óbitos”, informou a Secretaria de Saúde em nota. A equipe se reúne periodicamente para avaliar a situação e definir estratégias com base no Plano Municipal de Saúde.

Tratamento

O tratamento da sífilis, oferecido pela rede pública de saúde, é feito com antibiótico. Para que a infecção seja completamente eliminada, é fundamental que o paciente siga o tratamento até o fim. Gestantes e seus parceiros sexuais devem realizar o teste de sífilis e hepatite B durante o pré-natal, pois a sífilis pode ser transmitida ao bebê durante a gestação, o que caracteriza a sífilis congênita.

Nos casos de sífilis congênita, o diagnóstico considera a história clínica da mãe, o exame físico do bebê e resultados de exames laboratoriais e radiológicos. O tratamento da criança é realizado com penicilina cristalina ou procaína, administrada por 10 dias.

Sobre a Sífilis

A sífilis é uma IST curável, causada pela bactéria Treponema pallidum. Muitas vezes, a doença não apresenta sintomas, mas pode se manifestar em diferentes estágios: primário, secundário, latente e terciário. Se não tratada adequadamente, a sífilis pode evoluir para formas graves, como a sífilis terciária, que pode causar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, levando até à morte.

A sífilis é transmitida por meio de relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada ou da mãe para o bebê durante a gestação ou o parto.

A Sífilis Congênita

A sífilis congênita, quando transmitida ao bebê durante a gestação, é uma preocupação de saúde pública no Espírito Santo. Nos últimos anos, o Estado implementou o “Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita”, visando controlar a situação. Entre 2012 e 2017, os casos de sífilis congênita apresentaram um aumento progressivo, e, apesar dos esforços para conter a infecção, os números voltaram a crescer em 2021, com a taxa chegando a 16 casos para cada 1.000 nascidos vivos em 2023, uma média superior à nacional e ao índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A implementação do Plano tem como objetivo interromper a transmissão vertical da doença, uma vez que a sífilis na gestação pode levar a complicações como natimortalidade, prematuridade, baixo peso ao nascer e infecções neonatais. Para evitar esses desfechos, é essencial que as gestantes realizem o teste para sífilis durante o pré-natal e, em caso positivo, tratem-se corretamente junto com seus parceiros, utilizando a medicação adequada.

Fonte : Tempo Novo