Projeto ‘História Que a História Não Conta’ é destaque em apresentação na Sedu
Os resultados do projeto pedagógico “A História que a História não Conta”, da professora Valeska Mathias, foram apresentados no auditório da sede da Secretaria Municipal de Educação (Sedu) nesta terça-feira (31).
Ela mobilizou alunos da Emef São Diogo em torno da redescoberta da cultura negra na história da Serra. Tudo foi feito por meio, inicialmente, de pesquisa sobre os principais pontos turísticos e patrimônios históricos da cidade. O trabalho teve o acompanhamento da Coordenação de Estudos Étnicos-Raciais (CEER).
As ruínas da igreja de São José de Queimado, igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, as festas do ciclo religioso de São Benedito, as bandas de congo, o Mestre Álvaro e as praias serviram de fonte de conteúdo para a garotada.
A apresentação foi feita com o auxílio dos estudantes do quarto ano dos dois turnos da escola e contou com a presença da secretária de Educação da Serra, Luciana Galdino, e do secretário adjunto de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra, Bruno Quintino.
Quem abriu a apresentação foi a aluna Débora Ferreira, que cantou e tocou no teclado uma canção que contava a história da transformação de uma lagarta em uma borboleta. A obra fazia referência que todos devem acreditar em seu potencial, não dando ouvidos a críticas que neutralizam os sonhos das pessoas.
“Essa canção foi composta por uma garota negra que foi muito criticada por querer apenas fazer um curso de inglês. As pessoas ao seu redor, por preconceito, diziam que ela não era capaz. Mas ela não deu razão a isso e foi em frente”, explicou a professora de Artes.
Projeto passou por encontro com escritoras
No projeto os meninos e meninas partilharam suas descobertas na Emef com seus colegas. “A partir daí, fomos percebendo o quanto o povo negro estava inserido em cada um desses lugares e desses monumentos. Foi a hora de irmos para os livros didáticos atrás da História mas as fontes eram poucas”, desenvolveu.
Frente a essa carência, a solução veio com a literatura. Os alunos tiveram encontros com escritoras capixabas que tinham a Serra e suas histórias e costumes como inspiração para suas obras.
A professora e escritora Joana Herkenhoff, autora de “Chapéu”, trabalhou as lendas e histórias em torno do Mestre Álvaro. A escritora Fabíola Dias, que escreveu “Justina, a Sereia Guerreira”, falou do respeito à diferença e da diversidade racial na formação do povo brasileiro por meio das aventuras de uma sereiazinha que é expulsa do reino marinho por ser negra.
A escritora Rafaela Camargo, de “A Descoberta de Alika”, abordou o congo a partir da curiosidade de uma criança sobre o ritmo. Eles também estudaram “Queimado – Da Resistência ao Caminho da Liberdade”, dos professores Geisa Lacerda, Rayner Raulino e estudantes do curso de Pedagogia do UNESC.
Além disso, tiveram uma aula sobre a Insurreição do Queimado, ocorrida em 1849, com professora Nádia Serafim.
As rodas de conversa com as escritoras serviram como conteúdo para que os estudantes fizessem pinturas e painéis dos locais.
Tudo isso foi transformado num livro, o “História que a História não Conta”, reunindo textos de criação coletiva das crianças e em cartões-postais. A publicação foi distribuída na Emef São Diogo, durante uma mostra cultural em setembro.
A secretária de Educação, Luciana Galdino, elogiou a iniciativa da professora e o comprometimento dos alunos com o tema da educação étnico-racial.
“A contribuição de vocês não fica somente para a maior divulgação e promoção da Serra. Também é contribuição para melhorias em nossa sociedade. Com esse trabalho, vocês dizem que somos importantes da forma que somos e esse efeito é incomensurável”, ressaltou.
O secretário adjunto de Turismo ficou impressionado com o alcance do projeto e “É bom ver as crianças envolvidas, desde cedo, com a ancestralidade. Conhecer a própria história é o primeiro passo para valorizá-la, valorizar onde se vive e valorizar, acima de tudo, aquilo que se é”, reforçou.
Fonte : Prefeitura da Serra
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