Estudantes da Emef Abel Bezerra utilizam histórias em quadrinhos para transmitir a cultura da paz
Ao invés de palestras e bate-papo convencionais, a cultura de paz e combate ao bullying foram promovidos entre os alunos da Emef Abel Bezerra, em Feu Rosa, por meio das histórias em quadrinhos. E não foram HQs convencionais, já prontas.
Os próprios estudantes de turmas de quarto e quinto ano da escola é que elaboraram e roteirizaram as história. Depois, foram para o computador para criar os personagens. Foram utilizados os chromebooks distribuídos pela Secretaria de Educação, o que empolgou os roteiristas mirins.
O projeto pedagógico “No Mundo das Histórias em Quadrinhos”, comandado pelas professoras Eny Sampaio e Caroline Sampaio, mãe e filha que dão aula na mesma escola, estimulou 50 alunos de tal forma que envolveu também as famílias.
As criações foram reunidas num livro de edição caprichada, toda colorida, de 80 páginas. Cada aluno pode ter seu exemplar para levar para casa, com direito a manhã e tarde de autógrafos.
As professoras garantem que o cotidiano da escola registrou mudanças.
“Envolvemos as famílias porque situações de bullying, muitas vezes, refletem o que acontece em casa. Com a ajuda dos pais e responsáveis, os alunos foram identificando causas e comportamentos que levam ao bullying, ao mesmo tempo em que trabalhavam e criavam os roteiros das HQs. Com o projeto, houve melhorias tanto em casa quanto na escola. Eles foram se aprimorando nas práticas de cultura de paz e prevenção ao bullyng a tal ponto que foram resolvendo os conflitos existentes entre eles”, explica Eny.
Toda a impressão e edição dos livros foi feita com recursos da diretoria da unidade escolar.
Com a palavra, os roteiristas
O estudante Emanuel Kunsch, do 5º E, narrou em sua HQ, o primeiro dia de um garoto negro numa escola que não o acolheu como deveria. Os colegas, ao notarem que ele não está feliz, se unem para protegê-lo de garotos que o provocam.
“O menino que fez isso pede desculpas a ele e tudo termina bem. É importante a gente passar essa mensagem porque tem muita gente entre nós que faz bullying. Vendo a história, acho que ajuda a dizer a eles que não se deve fazer isso”, opina.
Sophia Medeiros, do 5º E, narrou a história de uma aluna que é perseguida por uma colega. “Mesmo envergonhada, ela conta tudo para a diretora e a escola entra para resolver a situação”, resume.
Saray Cardona, do 4º H, é estudante colombiana. Ela ainda se adapta ao português. Por isso, os diálogos são em espanhol. Os colegas a ajudam. “Minha história é que a gente tem que conhecer as pessoas, que a gente não pode discriminar quem é diferente”, resume.
Júlia Gonçalves, também do 5º E, apresenta as desventuras de uma garota que é vítima de maus tratos por alguns colegas de sala. Mas, a própria turma se une para acabar de vez com o contexto de violência. “Eu gostei de fazer esse projeto, com essa mensagem de paz nas escolas. Eu já desenhava quadrinhos no papel e lia revistas da Turma da Mônica, aqui na escola. Estava acostumada. Mas o legal do projeto e mais diferente é que a gente teve que usar o computador para fazer as nossas histórias”, exalta.
O pai de Júlia, Fernando Gonçalves, ficou surpreendido com o alcance do projeto e pela mensagem . “Foi ao mesmo tempo bacana e diferente. Foi desafiador pra ela pela atividade de criar uma história que tivesse que ser adaptada para os quadrinhos depois. O incentivo da escola foi muito bacana também”, elogia.
Alunos trouxeram soluções para o bullying nas HQs
A professora Caroline Sampaio reforça que a temática da cultura da paz nas HQs foi desenvolvida pelos estudantes a partir de diálogos em casa e na escola.
“No primeiro semestre deste ano, as escolas no Espírito Santo, de forma geral, passaram por um período difícil com muitos boatos e ameaças de ataques. Resolvemos trabalhar o assunto começando de maneira simples, falando diretamente aos estudantes sobre o que poderíamos fazer para que evitássemos o bullying e situações onde alunos se sentissem excluídos, gerando situações extremas como a daquela época. Como vivemos numa sociedade diversificada, quisemos trazer nos trabalhos a questão do respeito pelas diferenças”, apontou.
Ela diz que os autores mirins incluíram soluções às situações propostas. “Na cultura da paz, a regra é resolver pelo diálogo e que sempre se mantenha o respeito pelas pessoas. Além de verem que adotaram a mensagem do projeto, o que é melhor para mim é ver a satisfação deles: eles estão se considerando escritores! O prazer de se estarem vendo como protagonistas da própria história já compensa o nosso trabalho de professor”, conclui.
Fonte : Prefeitura da Serra
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