Espaço das Artes Adriana Dutra abre inscrições para oficinas gratuitas e amplia sua atuação na Serra com nova programação cultural

Espaço das Artes Adriana Dutra abre inscrições para oficinas gratuitas e amplia sua atuação na Serra com nova programação cultural

Localizado no bairro Novo Horizonte, na cidade da Serra (ES), o Espaço das Artes Adriana Dutra é hoje uma das referências culturais do município quando se fala em acesso à arte, formação gratuita e incentivo à expressão criativa. Criado a partir de uma iniciativa independente, o espaço atua como um centro cultural comunitário, com atividades voltadas para o desenvolvimento artístico de crianças, jovens, adultos e idosos. Desde sua fundação, o espaço vem reunindo moradores de diferentes bairros da Serra, oferecendo oportunidades de iniciação artística em diversas linguagens, com destaque para a música, o teatro e as artes visuais.

O nome do espaço faz referência à sua idealizadora, a maestrina e educadora Adriana Dutra, que há anos conduz atividades de formação coral, educação musical e ações culturais abertas ao público, com foco no fortalecimento de vínculos comunitários e no estímulo à produção cultural local. Mais do que um lugar de aulas e oficinas, o Espaço das Artes funciona como um ponto de encontro para a criação coletiva e a valorização das identidades culturais presentes no território serrano.

Reconhecido como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura — categoria que destaca iniciativas com relevante papel social e cultural — o espaço abriga, regularmente, turmas de formação artística para crianças e adolescentes, oficinas de instrumentos musicais, espetáculos, ensaios e apresentações. Seu compromisso com a formação cidadã por meio da arte o tornou uma referência não apenas para a população local, mas também para gestores, pesquisadores e agentes culturais que acompanham a cultura produzida fora dos grandes centros institucionais.

Agora, o Espaço das Artes Adriana Dutra anuncia uma nova programação de oficinas gratuitas, com 120 vagas abertas exclusivamente para moradores do município da Serra. As atividades acontecerão entre os meses de julho e dezembro de 2025, contemplando diferentes faixas etárias e linguagens artísticas. As oficinas são voltadas a iniciantes e foram organizadas para atender à diversidade de públicos do território, valorizando a pluralidade de interesses e experiências.

Oficinas culturais abertas à comunidade

A nova programação será distribuída em sete oficinas regulares, com diferentes dias e horários. Todas as atividades são gratuitas, e as vagas serão preenchidas por ordem de inscrição. Confira a grade completa:

Coral Infantojuvenil

30 vagas

Faixa etária: 08 a 13 anos

Terças-feiras, das 14h às 15h30

Início: 22/07 | Período: julho a dezembro

Nível: Iniciante

Pré-requisito: interesse em aprender canto coral

Flauta Doce

20 vagas

Faixa etária: 09 a 16 anos

Terças-feiras, das 15h30 às 16h30

Início: 22/07 | Período: julho a dezembro

Nível: Iniciante e básico

Pré-requisito: possuir ou adquirir uma flauta doce soprano barroca

Percussão

20 vagas

Faixa etária: 10 a 20 anos

Terças-feiras, das 16h30 às 17h30

Início: 22/07 | Período: julho a dezembro

Nível: Iniciante e básico

Pré-requisito: interesse em instrumentos percussivos (exceto bateria)

Teatro

30 vagas

Faixa etária: 08 a 60+ anos

Sábados, das 08h às 10h

Início: 26/07 | Período: julho a dezembro

Nível: Iniciante

Pré-requisito: interesse na arte da atuação

Mosaico

10 vagas

Faixa etária: 15 a 100 anos

Quintas-feiras, das 08h às 11h

Início: 24/07 | Período: julho a agosto

Nível: Iniciante e básico

Pré-requisito: interesse em artes manuais

Animação 2D (oficina híbrida)

Faixa etária: 10 a 25 anos

Segundas e quintas-feiras, às 19h

Início: 21/07 | Período: julho a dezembro

Nível: Iniciante

Pré-requisito: acesso a computador ou celular com internet

Todas as oficinas serão ministradas por educadores com experiência nas respectivas áreas, e os alunos terão a oportunidade de participar de atividades práticas, com possibilidade de apresentações públicas ao final do ciclo.

Cultura acessível e enraizada no território

A oferta dessa programação gratuita reforça o papel do Espaço das Artes Adriana Dutra como um vetor de acesso à cultura em uma das regiões mais populosas do Espírito Santo. O bairro Novo Horizonte e seus arredores concentram uma população jovem, marcada por forte diversidade cultural e por uma demanda histórica por equipamentos culturais acessíveis.

Ao investir em formações artísticas gratuitas e regulares, o espaço se coloca como alternativa concreta para a iniciação de novos talentos e para o fortalecimento da expressão cultural de base comunitária. A descentralização das ações culturais para áreas periféricas da cidade responde a um desafio que há muito é apontado por pesquisadores e gestores: garantir que o acesso à arte não se limite às zonas centrais e aos equipamentos institucionais.

Além das oficinas, o espaço promove outras ações pontuais, como exibições, apresentações e mostras dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos. Esses eventos fortalecem os laços entre os moradores, geram pertencimento e abrem espaço para o reconhecimento público dos processos criativos e de aprendizagem desenvolvidos ao longo dos cursos.

Inscrições abertas

As inscrições já estão abertas e devem ser feitas exclusivamente por moradores do município da Serra. O cadastro pode ser feito de forma online, por meio do link:

🔗 https://bit.ly/espacodasartes

As atividades acontecerão no endereço do Espaço das Artes Adriana Dutra:

📍 Rua Pitiguari, nº 06, Quadra 36 – Novo Horizonte – Serra/ES

📧 Contato: [email protected]

📱 Instagram: @adrianadutraespacodasartes

Apoios e financiamento

A nova programação foi viabilizada por meio da seleção do Espaço das Artes Adriana Dutra no Edital de Chamamento Público nº 016/2024 – PNAB Serra. O edital integra as ações da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), com repasse de recursos do Governo Federal e gestão local da Prefeitura da Serra, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), em articulação com o Conselho Municipal de Cultura e o Fundo Municipal de Cultura.

O subsídio recebido tem como finalidade assegurar a manutenção de espaços culturais independentes, reconhecendo sua contribuição à cultura local e garantindo a continuidade de suas atividades. A destinação dos recursos prevê a execução de ações formativas, abertas e gratuitas, como as oficinas agora anunciadas.

A realização conta com o apoio institucional da Prefeitura da Serra, do Conselho Municipal de Cultura, do Fundo Municipal de Cultura, e com a coordenação do próprio espaço. As ações integram a política de fomento à cultura do Governo Federal por meio da PNAB.

A ampliação das atividades do Espaço das Artes Adriana Dutra, sustentada por políticas públicas de fomento, insere o território de Novo Horizonte em uma rede mais ampla de acesso à cultura, fortalecendo o papel dos espaços autônomos na produção artística, na formação cidadã e na articulação comunitária.

 

Entrevista

Você fundou o Espaço das Artes em um território periférico da Serra. Qual foi a motivação inicial e como o projeto foi se consolidando ao longo dos anos?

O espaço das artes foi criado em 1999 no bairro Novo Horizonte, ele surgiu da necessidade de formar músicos para a Primeira Igreja Batista de Novo Horizonte, iniciei as aulas no espaço da Igreja e quando percebi, os horários estavam cheios e pessoas de outras igrejas estavam buscando as atividades, foi ai, que decidi utilizar a minha garagem para dar aula de música. Com o passar do tempo a eu ja estava atendendo além do espaço, também em varios bairros da Serra como Central Carapina, Jardim Tropical Serra Dourada II e III, Gaivotas, Bicanga, Carapebus, Colina, Carapina Grande, Novo Porto Canoa, Feu Rosa e Vila Nova de Colares, foram anos de muita dedicação em formar instrumentistas e cantores para as igrejas do municipio, enquanto isso o espaço se tornava  pequeno para a quantidade de alunos que sempre nos acompanhava, em 2008 tive a oportunidade de atuar na gestão pedagógica do Programa Vale Música que também ficou instalado no meu espaço entre 2008 a 2012, atendendo cerca de 260 crianças e adolescentes com o ensino de Orquestra, Banda de Musica, Camerata e Corais, nesse periodo o nosso grande mestre Helder Trefzger,  Maestro da Orquestra Sinfônica do ES, esteve atuando junto a nossa  comunidade, uma experiência extraordinária!! Vimos com tudo, que a atuação do espaço das artes se fazia muito nessesário na comunidade serrana, continuamos em busca de ampliar o espaço para oferecer ainda mais diversidades nas atividades artisticas, e promover ainda mais a cultura e arte de nossa gente, dessa nossa Serra.

A nova programação gratuita contempla diferentes linguagens artísticas, do coral infantil à animação digital. Como essas escolhas foram pensadas para dialogar com o território e seu público?

Oportunizar atividades gratuitas é uma conquista que estamos muito felizes em compartilhar e ofertar, por meio dessas mais de 100 vagas,  em artes diversas, além da música. O digital é uma realidade no nosso dia dia, e a oficina de animação é uma novidade que estamos felizes em proporcionar todo esse processo de aprendizado, de forma lúdica e dinamica, a arte do desenho que ganha voz, movimento, ganha vida!!! Estamos muito empolgados!!

O Mosaico é uma arte milenar que apesar do tempo e das modernidades, ainda resiste.  Pensamos nessa oficina como uma forma de manter viva essa cultura, e contribuir também com o meio ambiente, essa arte permite utilizar diversos materiais descartados na natureza, dando a esse residuo a função de trazer beleza a  murais, quadros, calcadas, fachadas e até onde a imaginação permitir levar! Transformando o lixo em verdadeiro luxo!!

A oficina de teatro é uma realização, uma conquista de anos, vejo a arte da atuação como um poderoso aliado no processo de desenvovimento do ser humano, ajuda  a melhorar a autoestima, a autoconfiança, por ela conversar com todas as artes, acredito que dessa oficina teremos realizaçãos lindas!! Essa oficina promete!!!

E as áreas da música, como: a oficina de canto coral, ela foi pensada para a turma que está em uma fase linda, que gosta de cantar, mas tem a timidez, é inseguro com a voz devido as mudanças que acontecem nesse período da puberdade, essa oficina vai trabalhar repertório adequado para esse público, com técnicas de cuidado e preparo da voz, para que esse desenvolvimento vocal possa ser saudável e prazeroso! A oficina de Flauta doce e Percussão vai oportunizar o aprendizado de instrumentos, e formação de uma bandinha, além de ser uma otima oportunidade de desenvolver a percepção ritmica e melodica do aluno. 

O Espaço das Artes é reconhecido como Ponto de Cultura. Na prática, o que isso representa para você e para o trabalho desenvolvido ali?

Ser reconhecido como Ponto de Cultura é uma honra imensurável, vejo como um selo que autentica todo um trabalho de uma vida, prestado a minha cidade,  desenvolvido com muita responsabilidade e comprometimento ao longo desses  mais de 25 anos.

Quais são os maiores desafios de manter um espaço cultural independente funcionando de forma regular, especialmente fora dos grandes centros urbanos?

Em todo esse tempo, tem sido pensar na situação socioeconomica da região e não comparar com as grandes regiões comerciais da grande Vitória. O valor aqui, está no que se oferece e não no que se pode pagar! Sempre vamos optar por ofertar o melhor, independente da situação, foi assim chegamos até aqui,  formamos tantos bons artistas que hoje engrandece o cenario capixaba, isso é o nosso orgulho!! E vamos em frente!!

Como você vê o papel da arte e da formação cultural na vida de crianças, jovens e idosos que frequentam o espaço? Há histórias marcantes que te motivam a continuar?

A arte tem sua magia, quando abrimos nosso espaço queremos que seja uma experiencia, que esse ser, sinta-se enxergado, amado,  e que se motive a algo melhor que suas expectativas, então, tudo começa com o entendimento que o Espaço das Artes, não é só mais uma escola de musica, é uma experiencia!

Temos tantas historias que nos emocionam, mas quero destacar um aluno, o Matheus Viana, que foi uma experiencia muito marcante, pois ele parecia não ter o menor talento para a arte musical em especial o coral, mas ele persistiu com tanta garra e perseverança e hoje se tornou Mestre em Composição pela UFRJ, além de ser um eximio compositor, arranjador, e um Flautista talentosíssimo, um artista exepcional que brilha no cenário musical do ES. Nosso orgulho!!

O edital da PNAB possibilitou a ampliação das oficinas em 2025. Qual a importância das políticas públicas de fomento, como a Aldir Blanc, para a sustentabilidade de projetos como o seu?

O apoio do edital de chamamento público nº 016/2024 seleção espaço, ambientes e iniciativas artístico-culturais para receber subsídio para manutenção com recursos da pnab – Serra, foi decisivo para a expansão das oficinas no Espaço das Artes Adriana Dutra em 2025, ampliando o alcance das ações formativas e culturais voltadas à comunidade. Políticas públicas de fomento à cultura, como a Lei Aldir Blanc, Lei Paulo Gustavo, LICC, a nossa Lei municipal Chico Prego que se encontra desativada no momento, e tantas outras iniciativas, são instrumentos estruturantes para a sustentabilidade de projetos culturais, pois possibilitam planejamento de longo prazo, profissionalização da gestão e valorização da cadeia produtiva da cultura.

Esses recursos garantem não apenas a continuidade das atividades, mas também a democratização do acesso à arte, o fortalecimento da identidade cultural local e a geração de renda no território. Em contextos onde há fragilidade no financiamento público e privado para a cultura, o fomento se torna um pilar essencial para que iniciativas como o nosso Espaço se consolidem como agentes de transformação social.

Você trabalha há muitos anos com formação coral. De que forma a música, em especial o canto coletivo, contribui para o fortalecimento da autoestima e dos vínculos comunitários? 

O canto coral é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento humano. Ao cantar em grupo, os participantes aprendem sobre a escuta, respeito ao tempo do outro, cooperação e corresponsabilidade. Esses elementos fortalecem a autoestima, pois cada indivíduo percebe seu valor dentro do coletivo. Além disso, o canto coletivo resgata o senso de pertencimento, criando e fortalecendo vínculos comunitários. É uma prática artística que promove saúde emocional, convivência cidadã e inclusão, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. A vivência Coral é uma das atividades mais democraticas que eu particularmente gosto muito de trabalhar!   A música tem o poder de tocar onde as palavras não alcançam  e o canto coral potencializa isso, porque ninguém canta sozinho. No coral, as vozes se unem, e cada pessoa percebe que é parte de algo maior.

A oficina de animação 2D, em formato híbrido, mostra uma abertura para as tecnologias digitais. Como você enxerga o papel da arte digital na formação dos jovens hoje? 

Então, isso é muito curioso, porque já estamos na era digital, mas o consumo ainda é superficial, eu vejo a arte digital como uma ponte entre o universo sensível da criação artística e o mundo tecnológico em que os nossos jovens estão submersos. Nessa oficina esperamos abrir caminhos para que esses jovens possam se expressar, contar suas histórias, imaginar futuros. Ao aprenderem animação 2D, eles não estarão só desenhando ou criando personagens, estarão desenvolvendo uma visão crítica, sensível e inventiva sobre o mundo. A arte digital empodera, conecta e transforma, é nisso que acredito!!

A Serra é um município com uma produção cultural crescente, mas ainda marcada por desigualdades no acesso. O que ainda falta para termos uma política cultural mais justa e descentralizada?

Para que a Serra tenha uma política cultural mais justa e descentralizada, é necessário fortalecer os mecanismos de gestão compartilhada entre poder público e sociedade civil, investir de forma contínua em infraestrutura cultural nos bairros periféricos e ampliar o acesso aos editais com critérios que valorizem a diversidade e os territórios historicamente menos atendidos. Também é fundamental garantir formação técnica e artística para a população, além de fomentar a valorização dos saberes e práticas culturais locais. A descentralização não se faz apenas com recursos, ela exige escuta, planejamento e compromisso com o território.

Quais são os próximos passos para o Espaço das Artes Adriana Dutra após esse ciclo de oficinas? Há planos de expansão, parcerias ou novas linguagens a serem incorporadas?

Após esse ciclo de oficinas, o Espaço das Artes Adriana Dutra se prepara para um novo momento de consolidação e expansão. A escuta das comunidades participantes e os resultados obtidos reforçaram a importância de manter uma programação contínua e diversa, voltada à formação, criação e fruição artística.

Entre os próximos passos, estão o aprofundamento das parcerias com escolas, instituições culturais e coletivos locais, além da busca por novos editais e apoios que garantam sustentabilidade a longo prazo. Estamos também estudando a incorporação de novas linguagens artísticas, como audiovisual, arte urbana e práticas interdisciplinares com tecnologia e meio ambiente, ampliando as possibilidades de atuação do espaço.

Outro foco importante será a valorização dos talentos locais por meio de residências artísticas, bolsas de criação e eventos de circulação, para que o Espaço siga sendo um território de pertencimento, economia criativa e protagonismo cultural. Vem muitas novidades por ai!!!