Artista Urbano Nico realiza grafite na Emef São Diogo em atividade de educação antirracista
O artista urbano Nico GDT, de Vitória, deixou sua marca e suas opiniões num encontro com os estudantes de três turmas do 4º ano matutino na Emef São Diogo, em São Diogo II, nesta quarta-feira (24). A obra de arte foi uma dupla de tartarugas-marinhas estilizadas, desenhadas e grafitadas por meio de tinta spray, na parede do novo anexo da unidade de ensino.
Ele foi o segundo convidado do projeto “Eu sou Pretagonista”, criado e desenvolvido na escola pela professora de Artes Valeska Mathias. Na ação, os alunos participam de uma roda de conversa com convidados que tiveram suas vidas e trajetória profissional marcada por questões envolvendo luta por igualdade racial e direitos para as pessoas pretas. Eles ouvem os relatos e também fazem perguntas, numa entrevista informal.
A atividade tem o apoio e orientação da Coordenação de Estudos Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação da Serra (Sedu). Foi iniciada com a garotada entrevistando a secretária de Educação da Serra, Luciana Galdino.
Nico foi entrevistado por meninos e meninas interessados em conhecer as técnicas e detalhes da pintura feita em paredes, muros e fachadas das construções da cidade.
Ficaram sabendo que ele começou a desenhar em 2008, aos 14 anos, e é comum as pessoas criticarem quem está grafitando. Mas isso fica só num primeiro momento, ao verem o artista iniciando os esboços do desenho. “Mas, com a arte pronta, tudo muda: as críticas viram admiração”, observou.
Também disse que suas criações são uma forma de valorizar o seu bairro, Jesus de Nazareth, uma comunidade periférica da capital e que é associada à violência, por causa do noticiário policial.
“O meu trabalho diz que lá em Jesus de Nazareth há muito mais coisa bonita de se ver por causa da gente que mora lá, que trabalha, que é a cara do bairro”, reforçou.
Na sua opinião, a arte urbana consegue combater o preconceito racial. O simples fato de retratar uma pessoa negra consegue fazer muita diferença. “Acredito que se reproduzirmos e desenharmos mais pessoas pretas, retratando também o seu jeito de se vestir e sua cultura, todo mundo vai se identificar mais e encarar o povo negro com mais normalidade, vendo que, sim, pessoas pretas existem, são bonitas e merecem respeito”, diferencia.
Ele analisa que a linguagem de arte urbana consegue mais adesão em suas mensagens e recados. “Da mesma forma que podemos combater o preconceito usando os grafites, podemos também espalhar a temática de proteção ambiental. É o que, atualmente, eu estou fazendo, desenhando as tartarugas-marinhas. Jesus de Nazareth é o único morro de Vitória que conta com cinco praias. E, por lá, as tartarugas sempre aparecem, já viraram marca registrada do bairro”, explica.
Ele acredita que, com as obras, as pessoas admiram esses animais mas também se conscientizam de que, por exemplo, não se pode jogar lixo no mar porque isso vai provocar a morte delas, se elas comerem plástico.
Quem é Nico
Nicholas Marcos Duarte, conhecido como Nico GDT, é morador do Bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, uma comunidade na qual a principal fonte de renda vem da tradição pesqueira.
Em 2008, com 14 anos, começou sua trajetória no mundo do grafite, de forma autodidata. Desde então, tomou gosto pela cultura e decidiu estudá-la.
“Atualmente meus trabalhos estão voltando com temáticas marinhas, na qual estou inserido desde quando nasci, desenhando o fundo do mar, animais como tartarugas, baleias, polvos”, destaca.
Em 2022 bateu o recorde mundial do Guinness com o maior mosaico feito com resíduos retirados do mar.
Seus trabalhos podem ser vistos no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe.
Em fevereiro de 2024, foi um dos artistas brasileiros participantes da mostra internacional de grafite “Tierra Q´Pinta”, em Riojas, no Peru.
Fonte : Prefeitura da Serra
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